® HISTÓRIA
DE TACIBA
O PIONEIRISMO
Grandes campos naturais e uma
exuberante floresta tropical. Assim era constituída a natureza do município de
Taciba, antes da vinda da civilização. Tal variedade botânica favoreceu o
surgimento de enorme quantidade de pássaros, uma fauna muito rica em cores e
gorjeios.
Sendo um meio ambiente tão
variado, favoreceu assim a prática da caça e da pesca como importante meio de
sobrevivência daqueles que seriam os primeiros habitantes de nosso município.
Animais grandes e pequenos eram
abundantes em toda a região. Na época, era possível observar bandos de
capivaras, cervos, antas, macacos e outros que completavam um diversificado
ecossistema. Os índios foram os primeiros habitantes desta região que no futuro
seria o município de Taciba.
Eram povos diversificados que
aqui viviam explorando assim a natureza do lugar. Vivendo da caça, da pesca e
da agricultura de subsistência, esta gente dominou todo este território. Eram
diversas tribos. Falavam o Tupi Guarani, usado pela maioria, e aqui, longe do
modo de vida do homem branco, o índio e sua gente pôde viver sua cultura sem a
influência do homem civilizado.
Apesar de alguns grupos
pertencer ao mesmo tronco lingüístico,
os índios de Taciba formavam diversas nações. Eram eles os kaigangs ou coroados
que habitavam as áreas de cerrados e florestas pouco densas, os Kaioás e os
Xavantes que preferiam matas cerradas, e
construir suas aldeias as margens dos grandes rios da região. Esta gente sempre
defendeu, com coragem, o lugar onde vivia. Poucos brancos arriscavam-se a embrenhar mata
adentro, temendo dos ataques dos povos da selva, que impediam com determinação
a invasão estrangeira.
O contato dos povos indígenas com
o homem branco ocorreu ainda no início da colonização. Em busca de mão de obra
escrava, comitivas denominada bandeiras e embrenharam nas matas em busca dos
silvícolas para o cativeiro.
Famílias inteiras de indígenas
foram assim aprisionadas pelos bandeirantes escravistas que não mediam esforços
para conseguir o maior número de “peças” para seus intentos.
O resultado disso é que grande parte dos povos da floresta
alimentaram um profundo ódio pelos homens
brancos. E o conflito entre ambos cresceu ao longo dos séculos. Para
defender sua gente, os índios enfrentavam com valentia a ousadia dos brancos.
Violentas batalhas ocorriam em meio a floresta, onde o arco e a flecha tentavam
suprimir a arma de fogo.
Apesar da coragem dos povos
indígenas em se defenderem, os primeiros contatos desta gente com o homem
civilizado foram assim, trágicos, com
aldeias inteiras sendo destruída e os
vários grupos de índios que habitavam o interior do estado de São Paulo,
ficando a beira da extinção.
Em meados do século XIX o
interesse pela colonização definitiva do sertão do Parana-panema - nome pelo
qual era conhecida esta parte do Estado - aumentava a cada dia. A busca de
novas áreas para exploração da lavoura - principalmente o café - e a criação de
gado, fez com que os olhos da nação se voltassem para o interior de São Paulo
Embora o Oeste Paulista tivesse
recebido visitas de homens civilizados desde os tempos dos
Bandeirantes, somente no século XIX é que houve incentivo para o crescimento
econômico da região.
O primeiro desbravador do Sertão
do Paranapanema foi José Teodoro de Souza, que em meados do século XIX saiu de
Pouso Alegre - MG, e veio para a província de São Paulo. Passando por várias
localidades, atingiu a vila de Botucatu. De Botucatu José Teodoro de Souza
seguiu com seus acompanhantes para o sertão até então desconhecido.
Embrenhando-se cada vez mais na
densa floresta e passando por campos naturais José Teodoro de Souza chegou a
lugares totalmente inexplorados. E assim, por estas terras serem devolutas, ou
seja sem nenhum registro oficial de posse, e por ser o primeiro civilizado a
explorar a região, ganhou José Teodoro o direito de propriedade de uma imensa
propriedade ao longo do Paranapanema.
Possuidor de tão grandes posses interessava
ao mineiro garantir ainda mais seus direitos. Por isso passou a explorar a
região em seus detalhes, enfrentando toda sorte de perigos e privações. Entre
os acompanhantes de José Teodoro Souza, dois outros mineiros fizeram grandes
posses primitivas, cujas partes foram vendidas aos povoadores das levas
posteriores: foram eles João da Silva Oliveira e Francisco de Paula Moraes João
da Silva Oliveira, parente de José Teodoro, era o único da família deste que
sabia ler e escrever. Foi secretário e procurador de José Teodoro com amplos poderes para alienar
terras. Os documentos de José Teodoro foram elaborados por ele
Entre as áreas de posse de João
da Silva Oliveira estava a faixa de
Terra entre os ribeirões Anhumas e Laranja Doce, sendo ele, portanto o primeiro
proprietário de terra do nosso município.
Após a requisição de terras no
oeste paulista, tanto José Teodoro como José da Silva Oliveira retornaram a
Minas para revender suas conquistas. Mas, apesar dos preços baixos, foram
poucos os negócios com as áreas adquiridas. Somente os parentes
mais próximos dos dois mineiros é que se
interessaram pelos os lotes obtidos. O Motivo principal por este
desinteresse era a temida fúria dos
guerreiros coroados, senhores
absolutos dos sertões
Os caigangs, ou coroados, foram
os maiores obstáculos para o desbravamento do sertão do paranapanema. A relação
com estes índios foram, em geral, inamistosas e sangrentas. Contam que famílias
inteiras de pioneiros foram dizimadas pelos índios, que defendiam com
ferocidade o seu territário. Isso demonstra como foi difícil a vinda dos
primeiros homens civilizados para a nossa região. Não só por causa da
hostilidade dos bugres, mas pela repercussão que isso causava àqueles
interessados em residir nessas paragens.
Para conseguir vencer as
dificuldades em relação a selva, os
desbravadores contavam em suas
comitivas com índios aculturados, que cooperavam no trabalho de reconhecimento
do sertão. Essa gente, desconhecida em sua maioria, contribuiam a seu modo, com
o surgimento e o desenvolvimento das cidades desta região, pois com suas
experiências de povos da floresta, impediam que os novos moradores caissem nas
armadilhas da selva na luta pela sobrevivência frente aos perigos do sertão
paulista.
Muito embora o interior paulista
significasse um drama na vida dos primeiros pioneiros, um fato novo fez com que
o interesse por estas terras crescesse: a chegada da ferrovia. Após a confirmação da vinda da estrada de
ferro, José Teodoro de Souza e João da Silva Oliveira começaram assim as vendas de suas terras no sertão paulista.
A propagação da notícia sobre a ferrovia fez com que os dois mineiros
realizassem prósperos negócios com seus lotes. E os principais interessados
foram plantadores de café que queriam expandir
suas lavouras.
Dentre as vendas de terras de
José da Silva Oliveira, houve duas que marcaram o surgimento de nosso
município.
As áreas entre os ribeirões
Laranja Doce e Anhumas foram vendidas aos a dois mineiros Domingos Ferreira de
Medeiros e João Nepomuceno de Souza Brandão.
O capitão Domingos Ferreira de Medeiros
era mineiro de Passos. Filho de imigrantes da Ilha da Madeira foi fazendeiro em sua terra natal. Conflitos
políticos e sonhos fez com que o decidisse deixar tudo em Passos, comprar uma grande área de
terra e residir no interior paulista. Após fechar a compra da terra, organizou
uma comitiva e partiu para o sertão do Paranapanema em viagem de reconhecimento.
O outro comprador das terras do
futuro município de Taciba foi o mineiro João Nepomuceno de Souza Brandão, que
comprou terras adjacentes ao ribeirão Laranja Doce. Pouco se sabe sobre este
pioneiro, apenas que viera juntamente com o Capitão Domingos e retornou depois.
Fixou moradia no ano de 1877.
Apesar de levar consigo a
insígnia de Capitão, Domingos Ferreira de Medeiros não era militar. Recebeu o
título pelo se forte prestígio no período imperial. Veio para a nossa região
nos idos de 1.976. Aqui ficou durante um
ano, e neste tempo ele e sua comitiva enfrentou toda a sorte de agruras e
privações. Sua trajetória acompanhou o rio Paranapanema até fóz do Ribeirão
Laranja Doce, Seguindo até os lados do Ribeirão Anhumas, demarcando a sua área
de Terra. Assim, após reconhecer sua nova propriedade retornou a Minas Gerais
Chegando a Passos, o Capitão Domingos tratou logo de reunir sua família e
pertences. Organizando uma enorme comitiva partiu assim de volta a sua terra no
sertão Paulista Viajaram durante três meses, utilizando-se de burros e carros
de bois - cinco carros puxados por 60 bois.
O grupo todo saiu em abril em uma
grande caravana com homens, mulheres e
crianças
rumo ao sertão do Paranapanema.
Toda a sorte de perigos acompanhava a trajetória dos mineiros. O cuidado e a
atenção faziam parte da estratégia de viagem. O capitão Domingos, além da
esposa Maria Miquelina veio consigo
empregados e escravos. Sua intenção, no início, era continuar a atividade que
exercia em Minas que era a criação de
gado. Para isso trouxe junto com sua comitiva cerca de 200 cabeças de gado,
entre touros, vacas e bezerros.
As mulheres e as crianças da
caravana foram acomodadas em carros de boi cobertos com couros. A intenção era
trazer certo conforto, durante a viagem,
mas os caminhos precários, as doenças causavam imensas dificuldades na
trajetória . Acompanhando o capitão Domingos vieram também parentes e amigos
como Juca Custódio e sua esposa Lúcia Fausta – que também era sua sobrinha.
Camilo Custódio dos Santos e sua esposa Francisca de Assis, os irmãos Manoel Hipólito Ferreira de Barros e João
Hipólito Alves de Barros. Domingos Vieira de Souza, conhecido por Mingote e
João Evangelhista de Souza.
Além deles, haviam ainda o pessoal de João Nepomuceno de
Souza Brandão Enfrentando as dificuldades da viagem naquele tempo, a
comitiva dos mineiros atingiu a vila de Botucatu, a boca do sertão. De lá
seguiu para as terras do Capitão Domingos entre os ribeirões Laranja Doce
e Anhumas. A caravana chefiada pelo
capitão Domingos Ferreira de Medeiros chegou a a esta região no mês de abril de
1877, estabelecendo-se nas terras vizinhas ao ribeirão Anhumas. Ele e seu
pessoal foram os primeiros moradores civilizados de nosso município.
Estabelecidos em sua terra, Domingos,familiares e seus amigos passaram então a
desbravar o local.
Deram início a abrir terreno para
a criação de gado e o cultivo de subsistência. A preferência no início era a
área de campos naturais que favorecia a bovinocultura .
Além de favorecer a criação de
gado os campos com suas aguadas eram utilizados por questão de segurança. A
mata era evitada por causa dos índios, que nela habitavam e de onde viam atacar
os brancos.
Desbravavam o solo em conjunto
para evitar o ataque dos povos da floresta. Para melhor realizar o trabalho de
exploração do local, a equipe de pioneiros dividia em dois grupos: enquanto uns
abriam a mata, outros se encarregavam da segurança do grupo de pioneiros. Esses
protetores chamavam-se “espias” e eram escolhidos dentre aqueles que melhor conheciam
o sertão – seus mistérios e segredos - e principalmente os costumes dos índios.
Estes não perdiam as oportunidades para atacar os brancos, em sua feroz resistência
contra os invasores.
Por não haver uma política que
mediasse os conflitos entre os povos da floresta e pioneiros, o sangue jorrou no
solo tacibense no fim do século XIX.
Diante deste contexto, Homens como Jerônimo Vieira de Souza, um parente do capitão
Domingos ficaram com a triste de fama de matador de índios.
Consta que o capitão Domingo nunca
quis conflitos com os índios, preferindo negociação comos silvícolas. Muitas vezes ele e seu
pessoal iam até as aldeias oferecendo
presentes com ferramentas e enfeites àquela gente para melhorar a convivência
com os mesmos.
Mas nem sempre as tentativas de
apaziguamento com os índios eram bem sucedidas. A exemplo disso, contam que um grupo de pioneiros foram
até a uma aldeia de silvícolas, possivelmente os temíveis índios bravos, para estreitar relações de
paz com aquela gente.
Os coroados, que viam o homem
branco como invasor, investiu contra os desbravadores, e estes temendo pelas
suas vidas, mas que rapidamente saiam daquelas imediações.
O problema do índio se tornou tão
sério que os Medeiros que, em alguns momentos tiveram de deixar sua fazenda, as
margens do ribeirão Anhumas, e se
retirar para o vale do rio São Mateus. Ali ficaram morando na fazenda de José
Antonio Paiva, por cerca de dez anos, até as crianças crescer e ir em busca de
solução para que afastasse de vez o problema com os silvícolas.
Mesmo em meio às dificuldades
como os índios, os pioneiros continuaram com a criação de gado, que eram
comercializados em postos servidos pela estrada de ferro. Dali os animais eram embarcados
e vendidos na capital paulista. A vida dos primeiros moradores era mesmo difícil,
pois além das péssimas condições naturais encontradas aqui, a distância até os
centros urbanos era muito grande.
Para compra de mantimentos era
preciso fazer uma longa viagem até São Manuel que se tornou a nova porta do
sertão na época.
A primeira propriedade de nosso
município foi a Fazenda Rasta, cuja denominação teve origem em fato inusitado ocorrido naquele. Contam
que os Medeiros ao chegarem a uma região pantanosa não tiveram outra opção a
não ser em deitar os animais da comitiva sobre couros de boi e arrastá- los
sobre o lamançal até o ponto mais seco,
pois somente assim poderiam prosseguir com a jornada, evitando que os animais
atolassem pântano. Rasta passou a denominar a área, uma lembrança do fato
ocorrido.
Assim apesar da ameaça com os
índios, os pioneiros foram se estabelecendo na região. O capitão Domingos após
dez anos residindo no vale do São Mateus retornou com sua família para sua
propriedade a sudoeste do município. Quando veio para o interior paulista,
acreditava que a estrada de Ferro passaria por sua propriedade.
Mas a mudança de traço levou a
ferrovia mais ao norte de suas pretensões, e foi instalada sobre o espigão divisor do Rio do Peixe e Paranapanema
. Mesmo assim o fato não desanimou o capitão Domingos Ferreira de Medeiros que
via um futuro promissor na região...
Ele faleceu em no dia 22 de abril
de 1.910 após ter garantido a posse
definitiva de sua propriedade de 72.000
alqueires no vale do Parapanema. Seu corpo foi sepultado na Fazenda Rasta, e
suas terras ficaram para seus herdeiros diretos: os filhos Adão, José Jacinto e
Lucia, que continuaram a luta do capitão
mineiro. Costumava dizer que sua maior luta na região não era contra os índios
e sim contra os engravatados, vendo as
dificuldades no reconhecimento de sua propriedade junto ao recém empossado
governo republicano.
Filho mais velho do Capitão Domingos,
Adão Ferreira de Medeiros, o capitão Adão, casou-se com Josefa Ramiro de Souza
e teve 5 filhos: Domingos, Gerônimo, Augusto (Dico), Urbano e Sensata José
Jacinto Ferreira de Medeiros, possuiu terras no município de Martinópolis.
Casou-se com Anazinha Custódio de
Medeiros e teve os seguintes filhos: Domingos, Maria, Francisca, Júlia.
Benedita, Isabel, Sebastião, Camilo,
Miquelina e Geraldo Aparecido (TItido) Lúcia Ferreira de Medeiros, filha mais
nova do capitão Domingos, casou-se com Coronel Quincas Vieira, primeiro
presidente da Câmara de Vereadores de Presidente Prudente. Teve cinco filhos:
Aparecida, João Vieira, Eurídice, Onofra e Domingos.
A FUNDAÇÃO
Como vimos anteriormente, a região
onde situa hoje o município de Taciba recebeu a vinda de desbravadores ainda no
século XIX. Mas a local exato onde hoje situa a cidade continuava até então desconhecido. Legalmente
a área pertencia a João da Silva Oliveira que, como dissemos antes havia
adquirido por posse, as terras entres os ribeirões Anhumas e Laranja Doce. E para
assegurar o direito de propriedade, ele esteve nesta região para demarcar sua imensa propriedade ao longo do Rio
Paranapanema. Em fins do século XIX, um grupo de desbravadores chegou a região
onde hoje situa Taciba. Eles vinham das redondezas do Paranapanema indo para o Norte Depois de dias enfrentando toda
a sorte de dificuldades pela mata adentro, depararam com um córrego até então
desconhecido nos mapas. Neste trecho da empreitada, os pioneiros pararam para
um repouso merecido, e aproveitaram para se alimentarem...
Tal foi a surpresa dos
desbravadores que ao pegar os vasilhames com a comida, notaram que formigas
haviam tomado de conta do mantimento.
Frustrados em perder os alimentos para os insetos, os pioneiros denominaram aquela região de Água da Formiga e o curso d’água ali resistente recebeu o
nome de Córrego Formiga.
Como Domingos Ferreira de
Medeiros e João Nepomuceno de Souza Brandão, outros mineiros de Passos também
compraram terras de João da Silva Oliveira, nas adjacências do Córrego Formiga.
Foram os irmãos João Hipólito
Alves de Barros e Manoel Hipólito Alves de Barros e João Evangelista de Souza.
João Hipólito esteve nesta região
antes mesmo do seu conterrâneo Capitão
Domingos. Veio para cá por volta de 1875, mas não fixou moradia definitiva.
Conviveu com os primeiros desbravadores e aprendeu os segredos do sertão.
Foi ele que falou ao Capitão
Domingos sobre o sertão do Paranapanema e fez com este se interessasse pelas as
terras desta região. Por conhecer as
dificuldades do local e os costumes indígenas, trabalhou como “espia”, ou seja,
fazia parte da equipe que protegia os pioneiros das armadilhas dos
silvícolas.Com a aquisição de uma propriedade
na água da Formiga veio então com a família acompanhando a caravana da
família Medeiros.
Manoel Hipólito Ferreira de
Barros, seu irmão, veio para cá, quando ainda tinha quinze anos. Viera
juntamente com a Comitiva do Capitão Domingos Ferreira de Medeiros. Conhecido
por Neca Hipólito, foi também procurador de seu irmão, nas questões de
documentação de terra.João
Evangelhista Ferreira de Souza, conhecido por
João Eduardo, foi outro mineiro
que adquiriu terras de João da Silva Oliveira, nas proximidades do Córrego
Formiga. Embora tenha vindo juntamente com a comitiva do Capitão Domingos, ele
não chegou a explorar economicamente sua propriedade no Paranapanema.
Após ter fixado as divisas de sua
área, retornou a Passos, vindo a
falecer. Suas terras no sertão paulista ficaram para herdeiros, no caso as
filhas Rita Cândida de Jesus e Isabel Cândida de Jesus Da parte de Rita Cândida
de Jesus, a propriedade veio a pertencer a seu filho Francisco Teodoro de
Souza, que então decidiu vir ao Estado do São Paulo para desbravar a terra que
pertenceu a seu avô Filho de Joaquim Teodoro de Souza e Rita Cândida de Jesus,
Francisco Teodoro também era conhecido como Chico Eduardo.
Querendo tomar posse da parte
herdada de sua mãe, que lhe era de
direito, saiu de Passos rumo a São Paulo. Decidiu primeiramente residir com a
família em Assis. De lá partiu sozinho rumo ao pontal do Paranapanema a fim de
observar de perto a sua terra.
Ele chegou a esta região em maio
de 1915. Depois de construir sua casa nas imediações do Córrego Formiga, trouxe
a sua família que até então estava residindo em Assis. Com a chegada de seus
familiares, Chico tornou-se o primeiro morador da Taciba, já que sua residência ficava na área que hoje
compreende o perímetro urbano da cidade. Estabelecido em sua propriedade Chico Eduardo desmatou uma
área de terra e deu início ao trabalho de cultivo de solo e a lavoura de milho
foi a primeira atividade agrícola da propriedade.
A partir de 1.916, começa assim a
corrente migratória para as imediações do Córrego Formiga. Novos desbravadores
chegavam a região contribuindo com o desenvolvimento da localidade entre eles o
mineiro Raimundo Firmino de Medeiros
Com o passar do tempo, a área de
terra que pertenceu ao pioneiro João Eduardo, também passou a ser explorada
pelos seus herdeiros. A propriedade que
pertencia a Isabel Cândida de Jesus, a outra filha de João Eduardo foi vendida a José Francisco Oliveira, genro do
pioneiro Manoel Hipólito. José Francisco veio para cá no idos de 1.918, sendo portanto
outro pioneiro a explorar as margens do córrego Formiga. Neste ano chegava a
beira do Córrego Formiga o desbravador Manoel Estevão dos Reis, genro do
pioneiro João Hipólito. Ele também herdou as terras de seu sogro, quando este
falecera em 1.911 em Assis. Casado com
Júlia, filha e um dos quatro herdeiros de João Hipólito, coube a Manoel
Estevão, vir com a família para o interior paulista e explorar a área de terra
que sua esposa herdou Manoel Estevão dos Reis se instalou na margem direita do
Córrego Formiga. Ali abriu uma fazenda que denominou Fazenda Pontal e por muito
tempo foi um influente pioneiro na região.
Embora herdassem propriedades
ribeirinhas ao Córrego Formiga, nem todos os Hipólitos vieram residir em suas
terras. A região da Água da Formiga, apesar das constantes vindas de novos pioneiros, ainda continuava selvagem e
perigosa.
Por isso os herdeiros de João e
Manoel Hipólito acharam por bem residir nas áreas de campos naturais vizinhas
ao Ribeirão Laranja Doce. Com tempo e após vencer as dificuldades encontradas
no sertão paulista, decidiu de vez embrenhar na floresta tropical em busca de
suas propriedades.
Além dos Hipólitos, outros haviam se estabelecidos inicialmente nos
campos, como os mineiros João Batista de Souza, Francisco Marcelino, Francisco Pedro
Fogaça (Oriente), e os herdeiros de João Nepomuceno de Souza Brandão.
Em 1919, outro importante desbravador chegou a Água da Formiga: era Antonio Custódio
dos Santos. A cultura indígena que por muito tempo dominou nosso município, aos
poucos foi se desfazendo, dando lugar ao inevitável avanço da civilização.
Os poucos remanescentes que resistiram
ao avanço do homem branco, migraram para dos Estados de
Mato Grosso e Paraná, e hoje
sobrevivem em reservas, onde procuram
com muito custo, preservar os seus
costumes e as lembranças de um tempo de
abundância e paz nas terras do sertão
Paranapanema.
Com o passar do tempo a região do
vale do Formiga ia sendo inteiramente desmatada.
Enormes árvores de madeira
de lei vinham abaixo, dando lugar a
lavoura e a criação de gado. Nesta época, a cidade mais próxima era Assis,
posteriormente Conceição de Monte Alegre.
Para lá os pioneiros se dirigiam em busca de mantimentos como roupas, sal de cozinha para a conservação de alimentos, querosene
para as lamparinas, munição para as
armas e outros as viagens eram feitas a cavalos e em carros de bois por
caminhos muitas vezes intransitáveis.
Levavam a cavalo cerca de 3 dias
para chegar ao comércio mais próximo, e 8 dias
quando se viajava de carro de boi. Era um verdadeiro martírio. Em uma
época de condições tão difíceis, o pioneiro embrenhado nas profundezas do
sertão valia de sua destreza e coragem para vencer os desafios das matas
selvagens. Estar atento aos perigos era uma obrigação constante daqueles que
habitavam nossa região nos primeiros anos. As longas distâncias de centros
urbanos dificultavam principalmente na questão dos atendimentos médicos de
urgência. O sertanejo ficava a mercê da própria sorte nas ocorrências mais
grave
As doenças e os ferimentos eram
cuidados, em sua maioria com remédios caseiros, ou comprados em farmácia,
quando das viagens aos centros urbanos. Maria Miquelina de Medeiros, esposa do
Capitão Domingos, possuia em seus pertences um dicionário de Medicina Popular chamado
Chernoviz, onde pesquisava as indicações terapêuticas para as doenças que apareciam. Mas,
apesar dos problemas, os pioneiros e
suas famílias encontravam, na adversidade, motivos para a alegria. Aos poucos,
essa gente simples ia dominando as asperezas do lugar, e a crença em um futuro promissor
era o principal estímulo para aqueles que viviam nesta região nos primórdios de
nossas histórias. O cultivo do solo era rudimentar. Para preparar o terreno,
antes fazia-se a limpeza da área através de queimadas, ou seja, ateavam fogo na
vegetação natural, deixando pronto o local para o plantio. Cultivavam produtos
de subsistência sendo o milho, o arroz e feijão, os mais difundidos.
Outra cultura bastante apreciada
pelos primeiros moradores desta região era a lavoura de mandioca, uma herança
dos índios. Além de ser usada na alimentação do pioneiro, também dela
se fabricava a farinha, importante
produto da época e uma forma de ganho comercial destes agricultores. Além das
lavouras de subsistência, outra atividade econômica dos pioneiros era a
suinocultura. Criados soltos no campo, aproveitando-se da vegetação natural, os
porcos, depois de desenvolvidos eram
conduzidos em rebanhos até os mercados
daquele tempo. A época preferida dos criadores para esta viagem era entre os
meses de maio e setembro, aproveitando-se da amenidade do clima e do tempo
seco...
Demoravam-se muitos dias para
levarem os porcos ao mercado mais próximo, não só devido a distância, mas a
marcha lenta. Caminhavam-se de manhãzinha e assim que o sol esquentava, paravam
e só voltavam a estrada ao cair da tarde. Era uma forma de impedir que os
animais perdessem peso e perdessem valor econômico.
Após o ciclo das atividades
econômicas diárias, o pioneiro ocupava o tempo que dispunha, com a caça e a
pesca em uma época em que a natureza do lugar era praticamente intacta. Assim
os primeiros moradores de Taciba iam se firmando na região.
Adaptaram-se as condições
naturais, e se tornaram parte integrante do ecossistema local na época. Era o início da década de 20. A região
da Água da Formiga estava quase toda povoada e explorada...
Porém os moradores viviam longe
um dos outros, só ser reunindo por ocasião de festas e celebrações religiosas.
A idéia de um povoado próximo da região era imaginada por muitos moradores na
época.
O principal motivo deste
pensamento geral, era a necessidade de
ser ter aqui um centro de abastecimento pois, a
carência de determinados produtos, prejudicava a vida da maioria
O pioneiro Manoel Estevão dos
Reis cogitou da formação de uma vila na região. Ele chegou a coclamar seus
contemporâneos a fundar uma cidade na água das Perdizes, mas não obteve sucesso em seus propósitos. Em 1920, chega a
Água da Formiga mais um grupo de pioneiros. Eram os Calixto Pereira que alguns
anos antes havia saido de Passos em Minas Gerais com o destino ao interior de
São Paulo. Determinados a vencer em meio ao sertão do Paranapanema, os
irmãos mineiros Moisés, Francisco e José, haviam adquirido
terras as margens do Córrego Formiga.
A compra da terra foi feita pelo
irmão mais velho dos Calixto Pereira, Moisés, que negociara uma área de terra
de 90 alqueires com o seu conterrâneo José Hipólito. A gleba em questão havia
pertencido anos antes a Isabel Cândida
de Jesus. Como a maioria dos pioneiros, a família Calixto Pereira não veio
diretamente para suas terras na Água da Formiga. Residiu antes em Platina, localidade
próxima de Assis. Somente Moisés veio reconhecer sua propriedade as margens do
Córrego Formiga.
E assim após delimitar sua área
de terra, trouxe toda a família e passou a fazer parte da história do
surgimento de Taciba. Em 1921, a provoação de Presidente Prudente, até então
distrito Policial, emancipava-se
politicamente, tornando-se ao mesmo tempo Distrito de Paz e município,
desmembrando-se de Campos Novos do Paranapanema e Conceição de Monte Alegre.
Assim sendo, toda a região do
Pontal do Paranapanema, inclusive a Água da Formiga, passou a
pertencer ao novo município, que abrangia uma área de 20.000 km².
Prudente nascia como um dos maiores municípios do estado.
A religião Católica exercia forte
influência junto aos governos e as decisões da época. Documentos de
regularização de terras eram realizados, em sua maioria juntos as casas paróquiais.
No início, a região pertencia a Diocese de Botucatu e, posteriormente à
Assis (1927).
O primeiro bispo a visitar o sertão
do Paranapanema foi D. Carlos
Duarte da Costa. O sentimento religioso sempre foi marcante junto aos
pioneiros. Por isso em todos os lugares que haviam povoação, um cruzeiro
marcava o local.
Ali, de tempos em tempos o
sertanejo se voltava para sua fé, e aos pés da cruz reunia sua gente e fazia
orações, seja para fazer pedidos ou simplesmente para agradecer a Deus as
vitórias conquistadas na difícil vida de pioneiro.
Em 1906 os trilhos da estrada
ferro Sorocabana estava chegando a região atingindo o espigão divisor entre os rios
do Peixe e Paranapanema. Por causa da ferrovia José Jacinto de Medeiros, filho
do Capitão Domingos abriu uma estrada ligando a propriedade dos Medeiros à
estação ferroviária mais próxima.
A intenção de José Jacinto era
criar um meio mais seguro de chegar até
a Ferrovia e favorecer o contato com os núcleos urbanos da época.
A estrada boiadeira feita pelos
Medeiros cruzou com outra via aberta que
ligava as áreas de terra do ribeirão Anhumas até os campos do riberão Laranja Doce
próximo da Água da Formiga.
O cruzamento das duas estradas
ocorria dentro da propriedade dos Calixto Pereira. Os irmãos Moisés, Francisco e
João foram favorecidos amplamente com as
estradas, pois a safra de café que a família plantara em seus 60 alqueires de
terra, poderia agora ser transportada de uma maneira mais eficiente e com
certeza o comércio do produto obteria melhores resultados.Constantemente
viajantes e aventureiros percorriam as vias indo a diversos locais embrenhando
mata adentro.
Perto da encruzilhada ficava a
residência de Francisco Calixto Pereira. Ele mudara para o local com toda sua família
já fazia algum tempo. Em volta de sua casa os cafezais cresciam, e os Calixto
Pereira se preparavam para fazer a primeira colheita do produto nas terras vizinhas
ao Córrego Formiga. Criado sob o fervor religioso, Francisco Calixto Pereira
recorria a fé em quando em suas dificuldades. Sua filha Maria Cândido Calixto, a
exemplo do pai, era uma católica praticamente. Devota de Santos Reis, fez uma
promessa aos Magos Cristãos, para que estes lhe valessem em uma hora difícil.
A promessa era levantar próxima a
sua casa um grande cruzeiro de madeira, e a seus pés, todos os anos, no dia 6
de janeiro, ela e sua família realizaria eventos religiosos em louvor aos Santos Reis.
Atendida em sua fé, Maria Cândida apressou-se em pagar sua dívida aos Divinos
Magos. Para isso, buscou a ajuda do pai Francisco
Calixto que assumiu a responsabilidade na construção da cruz e também escolheu o local para
a instalação da mesma Francisco procurou então Amâncio de Souza, pioneiro
vizinho da família Calixto para que
fizesse a grande cruz Amâncio de Souza atendeu ao pedido dos Calixto Pereira, e
fez a grande cruz em tempo hábil.
A madeira usada para o cruzeiro
foi o cedro, e nos dias que sucederam, contou com a ajuda de outro pioneiro
Joaquim Getúlio de Souza que não mediu esforços para colaborar com a família de
Francisco Calixto. Por volta do mês de dezembro de 1921, Francisco percorreu as
redondezas da Água da Formiga convidando parentes e conhecidos para a festa de
instalação do Cruzeiro para Santos Reis.
Todos prontamente confirmaram presença
na festa. E assim em 6 de janeiro de 1922, foi fincado o cruzeiro nas terras da
família Calixto Pereira, um marco fundação de Taciba. Na ocasião, foi realizado grandes festejos com a presença
da maioria dos moradores daquelas redondezas.
Os primeiros moradores de nosso
município fizeram questão de colaborar com o pagamento da promessa de
Maria Cândida Francisco Calixto e
Antonio Souza rezaram o terço em honra aos Três Reis Santos, acompanhado
pelos convidados. Durante a festa dedicada aos Magos uma tradicional folia
de reis esteve presente, animando ainda mais o evento. A partir daquele ano,
todo dia 6 de janeiro os foliões do divino vinham prestigiar as comemorações da
Água da Formiga.
Com o decorrer do tempo o local
onde foi fincado o cruzeiro passou a ser um centro de eventos relacionados a
religião. De tempos em tempos, a comunidade vinha ali para participar das
atividades previamente programadas. A idéia era construir uma capela para celebrar
cerimônias religiosas. Todo o 1º Domingo
de cada mês havia celebração religiosa no local. Apesar de haver evento somente
no início dos meses, todos os fins de semana o povo ali comparecia e a
movimentação era intensa Além disso, o lugar passou também a ser um ponto de pousada das boiadas e peões que iam
vinham cruzando a região rumo a estrada de ferro.
Com o consentimento dos Calixto
os estradeiros ali repousavam para logo depois seguir viagem. Observando o intenso
movimento próximo do cruzeiro, José Félix comerciante de origem turca
estabeleceu uma casa comercial onde vendia grande variedade de produtos.
Com o passar do tempo ele vendeu
seu comércio para um conterrâneo de nome José Nasser, que passou a vender
também tecidos.
No decorrer do tempo outros
comerciantes ali iam se estabelecendo dando origem a uma pequena rede comercial.
Para a família Calixto Pereira,
que consentiram a instalação das casas comerciais em suas terras, lhe trouxeram inúmera vantagens. De agora em diante
não precisavam mais ir as cidades distantes em busca de mantimentos, pois o
comercio local supria boa parte de suas
necessidades.
A 1ª missa realizada na região
foi no dia 25 de setembro de 1925, sendo
celebrada pelo
Padre Farias, um religioso Pelegrino
que costumava visitar o interior paulista.
No dia da missa do padre Farias
foram realizados os casamentos de João Batista de Souza com Benedita, e José
Calixto como Manoela Teixeira, sendo estes portanto, os primeiros enlaces a
serem feitos na Água da Formiga. As cerimômias foram realizadas aos pés do
cruzeiro ao ar livre com a presença de toda
a comunidade.
O intenso movimento em torno do
cruzeiro de Francisco Calixto, chamou
atenção de seu irmão mais velho Moisés e de seu vizinho Chico Eduardo.
Ambos queriam muito a construção
de uma capela nas imediações. Por isso doaram um terreno no limite de suas terras
a Mitra Diocesana de Assis.
Assim um o templo católico seria erguido e em sua
volta uma praça.
A área doada ainda não estava
inteiramente desmatada. Através de um mutirão a comunidade local limpou todo o
terreno deixando pronto para a construção da Igreja Em 1930, um pequeno templo
religioso de 3m x 5m se erguia no terreno que ficava entre as propriedades de
Chico Eduardo e Moisés Calixto.
A primeira missa na pequena
capela foi celebrada pelo Monsenhor Sarrion, vigário de Presidente Prudente.
Com o tempo, a comunidade construiu uma
igreja maior. Em 1936 uma nova casa de oração era inaugurada na praça do
povoado que inicialmente havia recebido o nome de Santos Reis, mas devido a
tradição, o lugar passou a ser chamado de Formiga, já que era este o nome da
região a qual pertencia a pequena vila. Nos anos seguintes, novos moradores
para cá vieram com suas famílias, e contribuiu cada qual a sua maneira com o
crescimento do lugar. Gente que
enfrentaram inúmeros obstáculos, mas que nunca perderam a fé nesta região, e
que agora via com outros olhos, o alvorecer de um novo tempo.